26 maio, 2008

Há um lugar para mim…adaptado?

Hoje em dia ouve-se e fala-se na palavra “discriminação”, umas vezes com vários sentidos, outras com vários destinatários. Mas quem colocará na prática tudo o que se ouve, o que se fala ou até o que se pensa? É neste contexto, que importa falar nos deficientes, enquanto um dos destinatários da discriminação, a quem deve ser reconhecida dignidade humana e, como tal terem os meios e as oportunidades adaptadas, para caminhar na vida sem obstáculos sociais, que podem ser removidos aquando de uma profunda mutação da mentalidade social, e até de algumas opções políticas.

Na verdade, feito um percurso pelos vários séculos antecedentes, reconhece-se que houve uma evolução na aceitação das pessoas com algum tipo de deficiência, uma vez que, actualmente, alguns locais públicos estão adaptados e alguns postos de trabalho são ocupados por estas pessoas. Mas, “alguns” não basta! Sabemos que quando passamos numa rua, ou quando entramos numa escola, num café, numa loja, entre muitos outros locais públicos, pouco ou nada está adaptado, e, portanto, a palavra de ordem deveria ser que “tudo” está adaptado e pensado, não apenas nas facilidades de deslocação de muitas pessoas, mas também nas dificuldades de muitas outras, porque estas também devem ter o direito de passear e de poderem entrar em qualquer lugar público sem se depararem com passeios sem rampas, lojas com expositores acumulados, entre vários outros entraves que encontramos em qualquer virar da esquina. Onde está a acessibilidade? Certo é que vários autocarros e comboios têm lugar para os deficientes…mas por que não todos? Várias escolas têm docentes especializados e adaptação das salas, refeitórios e casas de banho…mas por que não todas? E os cinemas? Os teatros? Será que a evolução dos tempos, e o aparecimento de cada vez mais pessoas com este tipo de dificuldades não dita também uma evolução dos ditames de construção e reformulação de locais, ruas e até meios de transporte? É claro que a resposta tem de ser obviamente positiva, porque os deficientes têm tanto direito de frequentar estes lugares, de aprenderem e de trabalharem na área para que estão vocacionados como qualquer pessoa que não tenha este tipo de dificuldades.

A verdade, é que várias opções políticas são colocadas em prática, e poucas são as que se lembram que é urgente resolver este problema social, que afecta uma percentagem considerável da população… se já se tem a solução, por que razão não a colocam em prática? Se há verbas para investimentos supérfluos, não haverá também para ajudar quem tem dificuldades físicas, quebrar barreiras de acesso e construir uma sociedade mais mentalizada e adaptada a uma realidade que é histórica, mas que adquire novas proporções todos os dias?É necessário perceber que é injusto e discriminatório que para uns haja tudo, e para outros haja pouco, ou até nada.

Estas pessoas são apenas diferentes quanto a algumas capacidades, mas esta diferença deve ser o pretexto para adaptar o que existe, e não uma forma para justificar a indiferença ou até a discriminação de que são alvo: têm todos os direitos e deveres inerentes à condição de ser humano e ao estatuto de cidadão, cuja dignidade e valor devem ser respeitados, passando, obviamente, pela criação de meios para que possam viver enquanto membros integrantes de uma sociedade que terá de aceitar e conviver com tal realidade, porque “todos somos filhos de Deus”. O progresso passa, também, por atingir esta meta social…

Iolanda Bastos

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